É comum os prestadores de serviços e fornecedores cobrarem mais quando o cliente é o Estado. Essa prática deve-se, basicamente, a dois fatores: a demora no pagamento e a ideia de que, sendo público, o dinheiro pode ser disposto da maneira que melhor convier ao gestor e, por tabela, ao credor. Muitas vezes, cobra-se o dobro por um remédio, por uma caneta, por uma lata de leite especial, como mostra reportagem na presente edição do ND. Ou seja, o governo é assacado por todos os lados, e por isso vê-se impedido de cumprir as funções que lhe cabem em áreas vitais como a saúde, a educação e a segurança.
Se é verdade que foi o Estado quem criou essas brechas, é seu dever também removê-las. A decisão do governador Raimundo Colombo de combater o desperdício nas compras públicas, pelo aumento do uso do pregão eletrônico em detrimento da modalidade presencial, é um caminho seguro nesta direção. A meta é economizar R$ 600 milhões por ano com esse sistema, o que permitiria, por exemplo, multiplicar prodigamente os investimentos na construção e reforma de hospitais, na ampliação da oferta de salas de aula e na compra de viaturas policiais que faltam em muitos municípios do Estado.
Além de usar ferramentas modernas na aquisição de itens que precisa dispor à população, o Estado alcança assim um nível de transparência que o modelo tradicional de compras impede, pelos vícios de origem que carrega. Este pode ser um bom começo no esforço do governo de azeitar o fluxo de caixa e elevar sua capacidade de investimento.
Fonte: Editorial – Notícias do dia – 17 e 18/03/13.