O Congresso Latino-Americano de Auditoria Interna (CLAI), organizado pelo Instituto dos Auditores Internos do Brasil (IIA Brasil), consolidou-se como o evento mais importante para os Auditores Internos da América Latina. Representando a Diretoria de Auditoria Geral (DIAG), as auditoras internas Maria Eliane Furlan e Simone de Souza Becker participaram do congresso. Mais de 1200 participantes estiveram reunidos em Foz do Iguaçu durante os dias 21 e 24 de outubro de 2018.
A Palestra de abertura foi proferida por Richard Chambers, presidente e diretor Executivo do The IIA (The Institute of Internal Auditors), com o tema “Auditores internos como Consultores Confiáveis – Alavancar a confiança para promover o sucesso organizacional.” Chambers centrou sua apresentação nos atributos (pessoais, relacionais e profissionais) que considera necessários a um Auditor Interno “como conselheiro confiável”:
- Ter comprometimento ético com os atributos de Integridade, coragem e accountability;
- Ter foco em Resultados;
- Ser intelectualmente curioso, ou seja, não basta saber o que aconteceu, mas saber as causas;
- Ser um bom comunicador, saber se relacionar. A auditoria não é um concurso de popularidade. O auditor deve encontrar o “tom certo”, de forma que fique claro que a sua intenção alinha-se aos objetivos da organização.
- Exercer uma liderança motivadora;
- Ser um pensador crítico, um curioso intelectual, usar raciocínio e lógica para avaliar as informações e considerar as alternativas;
- Possuir expertise técnica ampliada para conhecer o ramo em que atua;
- E acima de tudo estabelecer uma cultura de confiança. A cultura de confiança é o que vai fazer a diferença para todos da organização.

“O auditor interno tem que estar geneticamente centrado em Risco. Não estar apenas confortável com as três linhas de defesa porque protegem a instituição, mas fomentar valor para a Instituição”, explicou ele, ao completar: “conselheiros de confiança precisam continuamente desafiarem-se e reinventarem-se”.
Na sequência, foi proferida em Plenário a palestra de Naohiro Mouri, Presidente Global do Conselho do The IIA com o tema “Enfatize o Básico. Eleve os padrões. Para ele, valor do auditor interno é ajudar o negócio a fazer melhor as coisas. Portanto é preciso estudar para cada trabalho, pois não o auditor interno não produz objetos (carros, doces), ele produz relatórios, então, tem como matéria prima o conhecimento. “Em três anos, 50% do trabalho será realizado por máquinas, então, o que resta aos seres humanos? Pensar, criar e continuar a calibrar os algoritmos.
“O CLAI mostrou-se um evento de alto nível técnico, com participantes de mais de uma dezena de países e cujas palestras convergiram para a importância da contribuição da Auditoria Interna para a mitigação dos riscos da entidade, sempre com foco no resultado do negócio, seja ele na área pública ou privada”, resumem Maria Eliane e Simone.
De acordo com Braselino Assunção, diretor geral do IIA Brasil, uma das entidades promotoras do Clai, o sucesso do congresso – que teve que encerrar as inscrições antecipadamente devido a alta procura – retrata o quanto a profissão vem sendo valorizada pelo mercado. “Os auditores estão nos holofotes dos grandes acontecimentos. São eles os guardiões da ética e governança corporativa e a melhora dos níveis de transparência e confiabilidade de uma organização, passa, efetivamente, pelo crivo desses profissionais”, comenta Assunção.

Outros destaques da programação:
Além de experts internacionais, o congresso foi palco da apresentação de estudos globais com a pesquisa produzida pela Deloitte, em conjunto com o IIA Brasil Os resultados de um extensivo levantamento realizado com 1.156 empresas de 40 países (sendo 143 no Brasil), revela os atuais desafios e tendência da auditoria interna, no país. Entre os dados que chamam a atenção, mais de 40% dos líderes da carreira no Brasil participantes da pesquisa, acreditam que sua área tem forte impacto e influência dentro da organização. Outro dado importante revela que a maioria dos executivos entrevistados no país (93%) acredita que suas organizações estão cientes das habilidades e dos serviços da área de Auditoria Interna, e 87% avaliam que suas áreas são vistas de forma positiva ou muito positiva dentro da organização.
No último dia do congresso, Mauro Ribeiro, Procurador da Fazenda Nacional e Diretor de Governança e Avaliação de Empresas Estatais, falou sobre a implantação da Lei das Estatais (13.303/16) que passou a entrar em vigor nesse ano. “Nossa constatação é que ainda há imenso desconhecimento das auditorias internas sobre a abrangência e de detalhes da lei,”, afirma Ribeiro.
O evento teve ainda a curiosa apresentação de Bernardinho do Volleyball – um dos maiores vencedores da história do esporte que falou para uma plateia repleta de auditores, sobre aspectos de liderança e resiliência que envolve o trabalho de atletas de auto nível, comparando-os com alguns desafios cotidianos de auditores internos.
- “Auditoria Interna Governamental: Avaliações e Consultorias orientadas à desburocratização e qualidade do gasto” – Valmir Dias, Diretor de Auditoria de Governança e Gestão da CGU;
- “Jornada na Direção da Excelência” – Jorge da Silva, Auditor Executivo do Grupo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID);
- “Inovação e disrupção – A resposta da Auditoria Interna” – Painel de Debates: Mediador Andre Pannunzio – Sócio PwC Brasil, Participantes Renato Trisciuzzi – Membro do Conselho do The IIA (The Institute of Internal Auditors) e do IIA Brasil Rosana Napoli – Sócia de Auditoria Interna e GRC da PwC, Tom Gouvêa Gerth – Diretor do Itaú Unibanco Holding S.A Javier Ferrer – Diretor Geral de Auditoria do Grupo Salinas;
- “COSO ERM – Integrating with Strategy and Performance” (integrando estratégia e performance) proferida por Paul Sobel, Vice-presidente / Executivo Chefe de Auditoria da Georgia-Pacific e Presidente do Comitê de Organizações Patrocinadoras da Comissão Treadway (COSO). Em sua apresentação Sobel destacou que a gestão de risco não é uma coisa que ocorre em momento isolado, mas deve estar no DNA da empresa, sendo encorajado e integrado a cada atividade. Gestão de riscos não tem a ver apenas com gerenciar coisas ruins, mas olhar especialmente para estratégia e desempenho;
- Governança de Empresas Estatais – Evolução das Iniciativas de Implementação dos requerimentos da Lei 13.303/2016” – Painel de Debates “Deloitte/IIA Brasil – Palestrante Paulo Vitale. Mediador Edson Cedraz. Participantes Gustavo Chaves, Mauro Ribeiro, Marcelo Fridori;
- “Perspectivas da auditoria Interna Governamental” – Gustavo Chaves – Controladoria Gral da União.